Revista em quadrinhos distribuída por Paulo Melo lembrando os tempos que vendia cocadas; ao lado ele aprendendo sobre gado com seu antecessor, o fazendeiro Jorge Picciani
Revista em quadrinhos distribuída por Paulo Melo lembrando os tempos que vendia cocadas; ao lado ele aprendendo sobre gado com seu antecessor, o fazendeiro Jorge Picciani


Como vocês viram ontem, revelei aqui no blog a gigantesca e luxuosa fazenda do presidente da ALERJ, Paulo Melo, para muitos, Paulo Maria Mole, em Rio Bonito, município vizinho a Saquarema (sua terra), o maior latifúndio da região. Ali entre outras coisas cria gado nelore e planta eucaliptos. A propriedade pertence à Mauá Agropecuária Reunidas Ltda, uma empresa de Paulo Melo que tem uma trajetória muito curiosa nas mudanças societárias conforme lhes mostrarei adiante.

Como mostrou a Folha de S. Paulo, Paulo Melo nos últimos anos teve uma evolução patrimonial estupenda, conseguiu um verdadeiro milagre da multiplicação do dinheiro conforme suas declarações de renda.

Vejam abaixo que quando concorreu na eleição de 2002, quando Rosinha também se elegeu, o deputado Paulo Melo declarou ao TRE ter um patrimônio de R$ 1,2 milhão. Quatro anos depois, em 2006, quando Cabral se elegeu, o “rei de Saquarema” declarou ao TRE que seu patrimônio cresceu para R$ 1,5 milhão. Observem que nos quatro anos do mandato de Rosinha o aumento patrimonial de Paulo Melo foi de R$ 300 mil. Perfeitamente normal para quem tem um salário de deputado estadual. Dá menos de R$ 100 mil por ano.

Mas Cabral trouxe muita “sorte” para os negócios de Paulo Melo. E olha que foi o período em que enfrentamos a crise econômica mundial e todo mundo, seja qual for o negócio, sofreu quedas, retrações e desvalorizações. Mas isso não aconteceu com o deputado “sortudo”. De 2006 para 2010 (última eleição), o deputado que agora é chamado também de Príncipe do Gado (o rei é o fazendeiro Jorge Picciani), podemos dizer usando uma expressão popular “arrebentou a boca do balão”. Nos quatro anos de Cabral seu patrimônio deu um salto estratosférico, passou de R$ 1,5 milhão (2006) para R$ 3,4 milhões (2010). Um crescimento de mais de 125%.




O principal negócio que contribuiu para o aumento o aumento da fortuna de Paulo Melo foi investir no setor agropecuário, seguindo os passos de seu antecessor na presidência da ALERJ, o fazendeiro Jorge Picciani. Não apenas aprendeu com ele como teve a mesma sorte com as vacas premiadas.

Como podem conferir abaixo, a Mauá Agropecuária, dona da gigantesca Fazenda Itatiba (Rio Bonito) entrou em atividade em 21 de fevereiro de 2002. Tendo como sócios Paulo Melo e Alessandro Carvalho de Miranda, cada um com 50%, o que correspondia a R$ 211.680 para cada um.




Seis meses depois em 05/09/2008, Alessandro se desfaz dos seus 50% repassando-os à Saquarema Vip Serviços Especiais, que por sua vez dez meses depois em 10/07/2009 se desfaz de tudo e passa Weverson do Carmo Lisboa. Com isso a Mauá Agropecuária ficou divida em 50% para Paulo Melo e 50% para Weverson, que como mostrei na matéria de ontem vem a ser o administrador da Fazenda Itatiba e ex-secretário de Agricultura da prefeitura de Saquarema na gestão atual de Franciane Mota (PMDB), a mulher de Paulo Melo.




Em nova alteração contratual de 26/04/2010, a Mauá Agropecuária informa à Junta Comercial seus novos endereços.




Observem que aparece aí mais uma fazenda de Paulo Melo, a Fazenda Búfalo, em Uberaba, Minas Gerais. Além é claro da Fazenda Itatiba onde cria gado nelore e planta eucaliptos.

Nesse ponto surge um questionamento com base na declaração de renda de Paulo Melo ao TRE (no final da postagem reproduzo as declarações de renda de 2006 e 2010) . O deputado informa que os 50% que detém na sociedade da Mauá Agropecuária valem os mesmos R$ 211 mil reais de dois anos antes. Só que é bom lembrar que a fazenda de Rio Bonito não tem apenas 111 cabeças de gado como informa na declaração que pode ser vista abaixo. Além disso, a extensão da propriedade e o luxo da instalações deixam evidente que só essa fazenda vale vários milhões de reais. Fora a Fazenda Búfalo, em Uberaba, nova filial da Mauá Agropecuária.

É evidente que já em 2010 quando fez a declaração ao TRE, o patrimônio de Paulo Melo valia muito mais do que os R$ 3,4 milhões informados.

Agora dá para entender porque Paulo Melo briga com unhas e dentes, como o peão que quer dominar um bezerro (agora é um homem que cuida de gado), para defender Cabral e não deixar que investiguem as suas viagens, seus negócios, seu enriquecimento inexplicável. Paulo Melo é solidário a Cabral, afinal ele é seu “talismã” que tanta “sorte” lhe trouxe para os negócios e sente na pele o mesmo problema do seu amigo governador: não tem como explicar como conseguiu todo esse patrimônio milionário.






Em tempo: Para quem não viu a matéria sobre a fazenda de Paulo Melo, postada ontem, está logo abaixo.

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