Tudo bem, hoje é carnaval, deixa a moçada sambar, deixa a moçada curtir, essa é a cultura carioca. Mas me veio à cabeça que outra tradição cultural do Rio de Janeiro está adormecida. O Rio de Janeiro sempre foi visto como a vanguarda da reação popular no país. Foi assim na passeata dos 100 mil, em plena ditadura militar, ou no 1 milhão na Candelária pelas Diretas Já. Mas é surpreendente como diante do maior caos da história do Rio de Janeiro, diante do maior roubo do dinheiro público de todos os tempos, com o Estado no fundo do poço, onde nada funciona nos serviços públicos, ninguém vá para a rua pedir o impeachment de Pezão. Claro que a mídia tem papel fundamental para que isso aconteça, afinal continua blindando Pezão. Mas não deixa de ser irônico que o Bola Preta arraste 1,5 milhão de pessoas, segundo o RJ TV, e manifestações contra Pezão reúnam menos de 10 mil pessoas. Se 10% dos foliões do Bola Preta fossem à rua pedir o impeachment de Pezão, falo de 150 mil pessoas, de forma ordeira e pacífica, é claro, estaria iniciado um movimento que não teria mais como ser contido. Seria o fim de Pezão.