A toda a hora se fala que em números sobre a decisão que o plenário da Câmara irá tomar sobre a denúncia contra Temer encaminhada ao STF. Fala-se que Temer precisa apenas 172 votos contrários à denúncia e que a oposição necessita pelo menos 342 para que o processo penal siga adiante. O Palácio do Planalto fala em 240 votos garantidos na base, o que, aqui para nós, não passa de uma ilusão. Por mais que Temer instrua sua defesa a não perder mais que um ou dois dias na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (pelo regimento interno a defesa tem 10 sessões para apresentar seus argumentos), serão necessárias depois mais 5 sessões para debates antes dos 70 integrantes da comissão votarem o parecer, que depois terá que ser submetido ao plenário. Resumindo não há chance de antes de duas semanas ser tomada uma decisão em plenário, com grande chance do parecer da Comissão de Constituição e Justiça não ser submetido ao conjunto dos deputados antes do recesso de julho, que começa na prática no próximo dia 14.
Até acontecer a votação em plenário muitos deputados da base ficarão na encolha. Vão dizer que votarão com Temer para não sofrerem retaliações do Palácio do Planalto, mas na última hora acontecerão muitas traições. Basta lembrar a votação na Câmara que autorizou o processo de impeachment de Dilma. A presidente precisava dos mesmos 172 votos para barrar o processo, mas só teve 137 votos, com diversas traições de deputados que juravam de pés juntos que ficariam do lado dela.
Nas próximas duas semanas, mesmo que não surja um fato novo, o que é improvável, Temer continuará derretendo e a pífia aprovação de apenas 7% dos brasileiros, segundo o Datafolha minguará ainda mais. É elementar que Temer terá aprovação abaixo de 5% daqui a duas semanas, não é necessário bola de cristal para essa previsão.
A votação em plenário será nominal, cada deputado terá que mostrar a cara, ir até o microfone e anunciar o seu voto para o Brasil inteiro assistir. No próximo ano teremos eleições para a Câmara. Quem vai querer praticar o suicídio político, ao vivo e a cores, diante de todos os eleitores do seus estados?
Por saber de tudo isso é que Temer quer apressar ao máximo a votação no plenário, mas a oposição não deixará barato. Se a votação fosse no dia de hoje talvez Temer escapasse do processo. Daqui a duas semanas só por um milagre se safa, e eu não acredito. Mas mesmo nessa hipótese vem aí mais uma denúncia da PGR e todo esse processo regimental terá que ser repetido.