Um indício de que o ex-governador Garotinho, ao ser novamente preso, pode ter sido vítima de uma trama política planejada por seus adversários é encontrado na folha de pagamentos da Prefeitura de Campos dos Goytacazes. Administrada por um arqui-inimigo, o prefeito Rafael Diniz, Campos tem entre seus prestadores de serviço o marido da principal testemunha contra Garotinho, Elizabeth Gonçalves do Santos. Com salário de R$ 4,2 mil, Marcos Antoine Fernandes Sales foi quem inicialmente disse ter sofrido ameaças na cidade.

Em depoimento à Polícia Federal, prestado em 8 maio de 2017, Elizabeth afirmou que ela e o marido haviam sido alvos de perseguição suspeita quando se dirigiam a uma igreja na cidade. Segundo ela, um veículo preto, modelo Astra, com vidros escuros, teria seguido a família nas ruas de Campos.

Foi com base em sua denúncia que o MP obteve junto à 2ª Câmara Criminal a cassação do habeas corpus concedido pelo desembargador Siro Darlan. Contra o voto do relator, prevaleceu a tese da necessidade da prisão preventiva dado o suposto risco da testemunha.

A despeito do depoimento de Elizabeth, não há registro de fato objetivo que pudesse ser investigado para a comprovação da denúncia. O relato de Elizabeth aponta para uma suposta ameaça de ocupantes de um carro não identificado que teriam dito para ela não prosseguir nas denúncias.

Advogados de Garotinho ficaram surpresos com o elo entre a principal testemunha e o prefeito da cidade – considerado historicamente adversário do ex-governador. O fato sugere uma trama envolvendo políticos campistas que, para atingirem seus objetivos, teriam construído uma narrativa de convencimento do judiciário a partir de fatos obscuros e frágeis.

REPRODUÇÃO DO SITE AGENDA DO PODER

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