O governador Cláudio Castro reagiu nesta quarta-feira (28) às crescentes especulações de que poderia não disputar a reeleição para ocupar uma vaga no Tribunal de Contas do Estado. De Brasília, logo após reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira, para tentar pautar projeto que pode injetar R$ 5 bilhões no caixa do estado, Castro concedeu entrevista exclusiva à Agenda do Poder. Em tom afirmativo, disse que ficará à frente do Palácio Guanabara até o último dia do mandato, em qualquer cenário eleitoral.

- Não sou covarde. Quem chegou ao comando do estado sem o crivo das urnas para responder pelo cargo tem a obrigação de permanecer até o final e, então, se submeter ao julgamento popular. Não há a hipótese de eu sair – disparou, com o nítido propósito de estacar a pressão política resultante do noticiário sobre eventual renúncia no prazo limite de desincompatibilização, 1 de abril de 2022.

O governador afastou a possibilidade de ocupar a próxima vaga no TCE e tampouco admitiu uma candidatura à Câmara Federal.

- A vaga do TCE deve ser do deputado Márcio Pacheco, meu amigo e líder no parlamento. Como poderia eu tirá-lo do cargo ? Trabalho junto de grande parte da bancada federal. Não teria sentido eu disputar espaço político com meus aliados. Não sou desleal – acrescentou.

A candidatura à sucessão estadual é uma construção política que não depende exclusivamente da vontade do postulante. Há variáveis incontroláveis, que vão desde a capacidade de produzir alianças eleitorais consistentes ao resultado administrativo do governo. Cláudio Castro tem plena consciência da árdua tarefa que tem pela frente. Admite que, se, hipoteticamente, não construir um cenário que lhe garanta condições eleitorais razoáveis, ainda assim permanecerá no governo até o último dia do mandato.

- Ficarei para defender meu legado. Se não for candidato, o que é improvável, mesmo assim acho que tenho o dever de permanecer no cargo para defender nossas conquistas para a população fluminense.

Ciente de que o seu futuro político depende o resultado objetivo do governo, Cláudio Castro afirmou que trabalha diuturnamente para conseguir recursos que lhe possibilitem implantar projetos estruturantes. A concessão da Cedae, tal como formatada, poderá render cerca de R$ 1,5 bilhão para o tesouro estadual, considerando a possibilidade de ágio no valor mínimo de R$ 10,6 bilhões. O governador não se conforma com a cifra e tenta ampliá-la de modo substantivo com a aprovação do projeto de lei complementar 54/2021, de autoria do deputado Hugo Leal (PSD).

A proposta autoriza o governo do Rio a ficar com os R$ 4,5 bilhões reservados ao pagamento do banco francês PNB-Paribas, do montante arrecadado no leilão. Se conseguir aprová-lo, Claudio Castro terá nos próximos meses cerca de R$ 6 bilhões – um vultoso caixa que poderá permitir grandes obras e, ao mesmo tempo, turbinar suas expectativas eleitorais para 2022.

O projeto do deputado Hugo Leal (PSD) permite incorporar o valor do BNP-Paribas ao montante da dívida do Governo do Rio com a União.

- Devemos cerca de R$ 200 milhões que vamos repactuar em 10 anos. Não muda nada se passarmos a dever R$ 205 bilhões – comentou o governador.

Na próxima sexta-feira, se confirmado no cargo com o afastamento definitivo de Wilson Witzel pelo Tribunal Misto, Cláudio Castro vai anunciar sua nova filiação partidária – o PSD – e os nomes da reforma do seu secretariado.

REPRODUÇÃO: AGENDA DO PODER

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