Do ponto de vista do Congresso, Michel Temer acertou na escolha dos ministros. Atendeu os partidos, as bancadas da Câmara e do Senado, claro, sempre com uma reclamação aqui, outra ali, mas a formação do ministério lhe garante uma base ampla para começar a governar. Mas o mesmo não se pode dizer em relação à expectativa da opinião pública e da sociedade civil. Nem uma mulher, nem um negro como ministros, isso atinge dois grupos sociais com grande ativismo, capacidade de mobilização e influência na opinião pública. O mesmo pode se dizer da extinção do ministério da Cultura, que está colocando a classe artística, que também tem forte influência na sociedade, a divulgar manifestos e programar atos de protesto contra a decisão do novo governo.
Além dessas questões não podemos esquecer a escolha de ministros investigados na Lava Jato. Isso frustra o anseio da opinião pública por uma mudança na forma de fazer política. E ainda tem as declarações de Henrique Meirelles sobre reforma trabalhista, que atinge em cheio o movimento sindical.
Para quem chegou à presidência sem votos, visto com desconfiança por uma parcela significativa dos brasileiros, e precisando urgentemente de apoio popular, não se pode dizer que foi um bom começo, apesar da esperança natural que toda a mudança de governo traz.