Durante os quase 10 anos em que esteve à frente da Secretaria de Segurança Pública, José Mariano Beltrame foi - com exceção do último ano (2016) - aplaudido quase unanimemente pela mídia. Primeiro pela pacificação que não houve, e depois por ser um exemplo de secretário com formação em "inteligência policial". A farsa da pacificação caiu por terra primeiro. E a partir da Operação Calicute, que prendeu Cabral e os primeiros integrantes de sua quadrilha, ficou claro que Beltrame em matéria de "inteligência policial" também foi uma negação. Nada que surpreenda os leitores do blog, que devem lembrar que revelei aqui, que Beltrame foi reprovado no concurso para delegado federal (ficou na nada honrosa 896ª colocação). Mas impressiona que, como afirmou hoje o procurador da força-tarefa do MPF no Rio, Eduardo El Hage, "o governador Cabral roubou dos cofres públicos em todas as áreas" e Beltrame não viu nada. Até seus filhos pegavam emprestada a lancha de R$ 5,3 milhões de Cabral, mas o ex-"xerife" diz que nunca percebeu nada errado na vida de luxo do seu então chefe. Aliás, morava de favor no apartamento de um "laranja" de Cabral, Paulo Magalhães Pinto, mas também diz que não sabia do envolvimento dele.
Bem, deixo para vocês a escolha. Ou Beltrame é o Mr. Magoo, aquele personagem de desenho animado que não enxergava nada, ou o atrapalhado inspetor Clouseau, das Aventuras da Pantera Cor de Rosa.
Gozação à parte, Beltrame ainda tem que explicar, entre outras coisas, o caso do superfaturamento milionário no aluguel das viaturas da PM à empresa Júlio Simões, caso em que é réu por improbidade em processo que corre na 7ª Vara de Fazenda Pública do Rio.