Custou, mas aconteceu o que já era esperado há algum tempo: a prisão do presidente afastado da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, denunciado à muito tempo aqui no blog. Seus pecados vão muito além de pagar com dinheiro da entidade a chefe de cozinha do Palácio Laranjeiras, Ana Rita Menegaz, que atendia o casal Sérgio Cabral - Adriana Ancelmo e família.
Há meses tive acesso a um relatório da auditoria feita na gestão de Orlando Diniz, a pedido da Confederação Nacional do Comércio. Muita coisa chama a atenção, é um verdadeiro festival de irregularidades. Vamos destacar apenas algumas.
Segundo os auditores, o Senac-RJ gastou R$ 90 milhões em sua missão institucional (educação profissional). Em compensação gastou R$ 75 milhões em publicidade e eventos. O maior patrocínio adivinhem de quem é? RJ TV, principal telejornal local da TVGlobo.
Também chama a atenção dos auditores o gasto com palestras sem licitação, e fora dos objetivos da entidade. Foram R$ 3 milhões a jornalistas, comentaristas e analistas, 95% deles ligados às Organizações Globo. Merval Pereira, colunista do Globo e porta-voz da família Marinho, recebeu, por exemplo, R$ 375 mil por palestras. Cristiana Lobo, comentarista política da GloboNews recebeu R$ 330 mil. Aliás, a lista dos "globais" é extensa.
Outro ponto que os investigadores estranharam foi o pagamento a escritórios de advocacia. Só sua vizinha Adriana Ancelmo, moradora do mesmo prédio de Orlando Diniz no Leblon, "a melhor advogada do Brasil", segundo Sérgio Cabral, recebeu R$ 20 milhões. Mas há gente graúda, muito poderosa no meio jurídico que vai se enrolar a fundo nessas investigações.
A Globo certamente não vai falar dos seus jornalistas e comentaristas e vai preferir centrar fogo nas ligações de Diniz com Cabral, que aliás, diga-se de passagem, tornaram-se mais estreitas por intermédio do atual vice-governador Francisco Dornelles, de quem Diniz sempre foi grande amigo.
Além disso, Orlando Diniz "empregava" um séquito de Sérgio Cabral, todos ganhavam salário, mas não trabalhavam: uma irmã de Wilson Carlos (ex-secretário estadual de Governo); a mãe e a mulher de Carlos Miranda, o Avestruz (acusado de colher a propina de Cabral); a mulher de Ari Ferreira da Costa Filho, o Arizinho (outro operador de Cabral); a mulher de Sérgio de Castro Oliveira, o Serjão (ex-assessor pessoal de Cabral); e Sônia Ferreira Baptista (ex-governanta da família Cabral), além, claro da chefe de cozinha Ana Rita Menegaz.
Orlando Diniz já tinha sido afastado da Fecomércio-RJ uma vez, mas reverteram a decisão judicial e voltou à frente da entidade milionária. Foi afastado a segunda vez no final do ano passado, assumindo um interventor.
O mundo político, jurídico e publicitário está em polvorosa. Agem rapidamente para tentar por em liberdade Orlando Diniz. Se ele ficar preso muito tempo e resolver falar vai sobrar para muita gente grande do andar de cima. Embora tenha sido preso numa operação que está ligada a Sérgio Cabral, neste caso pode acontecer o famoso ditado popular: "Atiraram no que viram e acertaram no que vai aparecer".
Em tempo: É grande a tensão no Palácio Guanabara. Tem-se como certo que o atual governador Pezão é a bola da vez da Lava Jato.