A respeito de seu comentário,publicado pelo site O Antagonista gostaria de recolocar algumas verdades,principalmente a um procurador-Cristão.
A princípio, quero afirmar que nunca defendi impunidade a maior prova disso está na perseguição que sofro e também pelo fato de ter protocolado junto a Procuradoria Geral da Republica, notícia crime contra Sérgio Cabral e mais de 100 politicos, empresários, membros da Justiça e do Ministério Público Estadual, fato que infelizmente causou grande cerco contra minha família, embora a maioria dos corruptos esteja respondendo pelos crimes, pelo belo trabalho do MPF do Rio de Janeiro. Como Deputado Federal,votei todas as leis para fortalecer o MP, a independência da PF e o fortalecimento dos instrumentos de investigação. Levo uma vida simples, não possuo contas no exterior, nem mansão, iates ou qualquer tipo de riqueza. Moro com minha família em um apartamento alugado e ao deixar o governo do Estado do Rio, recusei assumir a diretoria de uma das maiores empresas privadas do estado, voltei para minha profissão, pois não considerei ético. Também não possuo aposentadoria de governador, pois foi por minha iniciativa extinta no Estado.
Assim como você, sou cristão e durante 8 anos lecionei para casais na classe da minha igreja. Portanto, quero que examine sua consciência a partir de um julgamento que conhece muito bem e, foi retratado pelo Dr.Rafael Faria, advogado e cristão como nós.
Esse fato histórico,
possui uma íntima ligação com uma das causas mais tristes da humanidade.
Juiz parcial,
impossibilidade de defesa, nulidades aberrantes e tantos outros pontos negativos foram na verdade o maior reconhecimento da fraqueza da humanidade, que não é de hoje julga aquele que a protege. Afinal, por quais motivos Jesus Cristo foi levado ao calvário? Talvez a inércia de muitos atualmente esteja intimamente ligada ao comportamento humano.
Dito isto, gostaria de deixar claro que, a princípio, sempre sou contrário à pessoalização (sic) dos embates públicos, porque entendo que isto acaba por esconder numa cortina de fumaça a relevância sócio-política das matérias que constituem o seu verdadeiro objeto.
Como Pilatos, dirigir nossos esforços a criticar sua autoridade – como ele fez (faz), em direção aos defensores – só se prestaria a desviar o debate daquilo que lhe é essencial: chamar a atenção da sociedade para a banalização dos direitos do Réu, o que, afinal, é tudo o que se pretende. Além, é claro, de tornar o referido Pilatos numa vítima. Um mártir, colocando-o numa posição de destaque perante aos seus.
Deixemos ele, portanto, condenado ao ostracismo que merece! Não caiamos na tosca arapuca de conferir-lhe um protagonismo do qual não é digno, pois debater com a ignorância significa nos desviarmos. Só para ilustrar a minha opinião, lembro-me que nenhuma obra de arte retrata melhor a ignorância do que a pintura exibida no Louvre, na qual Voltaire, um dos pais do Iluminismo, se debate com um burro que escouceia (sic). Trata-se da luz a contender com a escuridão.
Sigamos em frente na luta em defesa da Constituição, da cidadania, da justiça social, da ordem jurídica e dos direitos humanos. Esqueçamos estes genuínos “míopes do direito”, açodados por poder e seus escusos talentos acusatórios, pois a história, certamente, haverá de esquecê-los. Exemplo disso é que todos se lembram de Sócrates, mas ninguém se lembra do nome do seu carrasco.
Mas a história não recompensará os omissos.
Dante Alighieri, em A Divina Comédia, destaca que os lugares mais sombrios do inferno estão reservados àqueles que se mantiveram neutros em tempos de crise moral.
O primeiro a receber Jesus após a prisão foi Anás, iniciando torturas físicas e psicológicas, além de duas graves ilegalidades, primeiro porque Anás não era mais sumo sacerdote e não tinha nenhuma autoridade para interrogá-Lo e, segundo, porque Jesus deveria ter sido conduzido para o Sinédrio, lugar apropriado para o interrogatório.
Em seguida O levaram à presença de Pilatos, que verificando tais aberrações tentou enviar Jesus para ser julgado por Herodes, ao ouvir que Jesus era da Galiléia, alegando incompetência, pois para Pilatos não havia motivos para apenar o réu e disse: “Castigá-lo-ei, pois, e soltá-lo-ei.” Ou seja, o réu não tinha culpa, porém seria torturado e liberado. Todavia, tal iniciativa não foi suficiente, pois as autoridades queriam a morte de Jesus. Pilatos então tentou a soltura de Jesus lembrando-se da anistia de Páscoa, onde um prisioneiro poderia ser solto, porém surpreendentemente o povo que lá se encontrava exigiu que o perdão fosse dado a um notório criminoso chamado Barrabás.
*Jesus foi preso sem culpa, acusado sem indícios, julgado sem testemunhas legais, apenado com veredicto errado e, por fim, entregue à mercê da boa vontade de um juiz, no caso Pilatos, covarde, parcial e inepto para o exercício da magistratura.*
Injusta a morte do filho de Deus, mas o consolo vem do próprio Jesus, que nos diz: “Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.” (Mt. 26:28) Não estamos tão distantes do tempo de Jesus, estamos?
O cristão deve buscar a justiça e não a vingança.

*Anthony Garotinho /Dr. Rafael Faria.

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