O presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), André Ceciliano (PT), o deputado mais antigo da Casa, Luiz Paulo (PSDB), e até mesmo Márcio Pacheco (PSC), que até a semana passada liderava o governo de Wilson Witzel no parlamento, sinalizaram de forma positiva à instauração do processo de impeachment, em reunião do colégio de líderes nesta terça-feira (2). Primeiro deputado a receber a palavra de Ceciliano, Luiz Paulo afirmou:

— Vossa excelência (Ceciliano) tem acenado que as propostas de impeachment do governador e do (secretário de Desenvolvimento Econômico) Lucas Tristão terão ambiente propício para caminhar dentro da Casa. Isso é muito importante. Eu e a deputada Lucinha protocolamos hoje um outro pedido de impeachment do governador, dessa vez respaldado pela rejeição das contas, por unanimidade, do TCE, uma vez que o governo não investiu 12% na Saúde, nem 25% em Educação, nem 2% em Ciência e Tecnologia — discursava o parlamentar, quando o presidente da Alerj o interrompeu para lembrar outra irregularidade detectada pelo tribunal:

— E ainda tem o Fundo de Habitação!

O presidente da Casa retomou a palavra e afirmou que, nos últimos dias, Witzel ofereceu secretarias a parlamentares para "tentar nos enfraquecer aqui no Legislativo".

— Ele ofereceu todas as secretarias. Só não vi (ser ofertada) a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. O resto, ofereceu. Ofereceu liderança do governo, ofereceu secretaria de Polícia Civil, a de Esporte, de todo jeito. E se nós aqui fôssemos repetir o gesto do governo, no dia de ontem teria que ter aceitado o processo de impeachment. Nenhum momento isso passa pela minha cabeça. Não é da minha índole. A gente não vai agir com o fígado. O parlamento precisa ter essa tranquilidade — disse. Em seguida, completou:

— Eu também queria colocar os comentários que se faziam lá no Palacio Guanabara. Que deputado é igual jujuba: em qualquer esquina você pode comprar. Que, na hora da votação, vai parar o carro forte na assembleia (para comprar votos). Mais de um parlamentar veio comentar comigo isso.

Em seguida, a palavra foi passada a Márcio Pacheco, líder do governo Witzel que entregou o posto na semana passada após Witzel mudar o comando das secretarias de Fazenda e de Casa Civil, em um movimento interpretado pela Alerj como de fortalecimento do secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, acusado por Ceciliano de usar a estrutura do estado para espionar deputados. Pacheco explicou por que deixou a função de defensor de Witzel na Alerj.

— Não posso permitir que, no meu mandato, tenha o registro de que não respeitei o parlamento, não respeitei a Casa. Então me afasto em um momento em que algumas ações (de Witzel) demonstraram profundo desrespeito ao parlamento, aos líderes (de partidos). Não tenho condições de não defender o parlamento neste momento — disse justificando o real motivo de sua saída, uma vez que, na sexta, o deputado havia afirmado apenas que estava "cansado" de exercer a função.

REPRODUÇÃO: O GLOBO

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