Foi de alta voltagem a sessão da Alerj desta quarta-feira, véspera do dia em que será votado decreto legislativo para impedir o leilão da Cedae até que o ministro Paulo Guedes autorize a assinatura do novo acordo de recuperação fiscal do Rio. Em meio à divergências com o líder do governo, Márcio Pacheco, o presidente André Ceciliano denunciou que está sendo ameaçado por reafirmar a decisão de votar a proposta. Segundo Ceciliano, deputados também estão sendo ameaçados.
A colunista Berenice Seara, de O Extra, registrou a altercação pública dos parlamentares em nota :
“O presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano (PT), anunciou em plenário, na tarde desta quarta-feira (28), que está sendo ameaçado por insistir em pôr em votação o projeto de decreto legislativo (PDL), de sua autoria, para suspender o leilão de concessão da Cedae. Ceciliano disse que deputados foram até ele reclamar que também estão sendo ameaçados, inclusive pelo governador em exercício Cláudio Castro (PSC).
O PDL será votado amanhã e o leilão está marcado para sexta-feira.
“Tenho recebido telefonemas desde ontem, inclusive com ameaças pessoais. Hoje já recebi vários deputados reclamando que o próprio governador tem ligado fazendo ameaças. Quero dizer ao deputado Márcio Pacheco (líder do governo) que nem o governador afastado fez isso. Nem o governador afastado ligou para deputado ameaçando”, disse Ceciliano, ao microfone.
"Isso não fica bem, não acaba bem, a gente já viu isso aqui. O parlamento é um poder autônomo, independente. Eu represento o parlamento e não vou permitir ameaças. Deputados federais ligando para deputado, senadores ligando para deputado. O governador não está de ingênuo nisso”, completou.
Márcio Pacheco (PSC) reagiu de imediato. E seguiu-se um bate-boca.
“Sobre ameaças, não corroboro com a fala de vossa excelência, a quem tenho profunda admiração e respeito . Quem conhece o governador Cláudio Castro sabe que não é do seu feitio, da sua personalidade, da sua disciplina e do seu aprendizagem político tal ação. O governador Cláudio Castro é talvez das pesssoas mais cordatas e preparadas para o cargo político que eu conheço e que pude tratar em toda a minha vida”, disse Pacheco.
“Vossa excelência está dizendo que eu estou mentindo? Que ele não ameaçou parlamentar?”, perguntou Ceciliano.
“Estou dizendo que ele não ameaça parlamentar”, respondeu Pacheco.
“Está dizendo que ele não ameaçou parlamentar? Sim ou não?", insistiu Ceciliano.
Diante da resposta do líder do governo de que não, de que Castro não teria ameaçado ninguém, o presidente da Assembleia ficou irritado.
“Vossa excelência quer que eu dê os nomes aqui? Olha para mim, deputado Márcio. Eu renuncio ao meu mandato aqui, e quero que vossa excelência renuncie ao seu, se ele não ameaçou parlamentar. Vossa excelência está dizendo que eu estou mentindo? Sim ou não? Eu estou mentindo?”, cresceu Ceciliano.
“Vossa excelência está levando a coisa para...”, gaguejou Márcio, reclamando que Ceciliano subiu o tom na discussão. “Não estou dizendo que vossa excelência mentiu. Estou dizendo que não é a postura do governador Cláudio Castro e que eu desconheço firmemente esse processo. O que eu quero dizer é que não há de minha parte a postura de ameaçar alguém. Pelo contrário, a postura sempre foi, desde o início, buscar o consenso”.
“Não vou aceitar ameaças a qualquer parlamentar. Seja da situação ou da oposição. Enquanto eu for representante do conjunto de parlamentares, não vou aceitar ameaças. Fica aí o recado diretamente ao seu governador”, encerrou Ceciliano, antes de se levantar para se retirar do plenário.”
REPRODUÇÃO: AGENDA DO PODER