Dono de um escritório de advocacia com capital social de 30 mil reais, o advogado Jansens Calil Siqueira comprou, desde 2018, 14 imóveis em Campos do Goytacazes, no Norte Fluminense, e na capital do estado. Ao todo, desembolsou cerca de 50 milhões de reais. Documentos aos quais VEJA teve acesso comprovam as negociações, envolvendo o advogado, que também pagou 500 mil reais como parte de uma propriedade  utilizada – e também paga – pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (PL) , uma mansão de 500 metros quadrados em Teresópolis, na Região Serrana do estado. Bacellar tem berço eleitoral em Campos, onde seu irmão, Marquinhos Bacellar, preside a Câmara dos Vereadores.

Entre os imóveis, estão coberturas, casas em condomínios e apartamentos em áreas nobres de Campos. Na capital fluminense, comprou ainda duas coberturas na Rua São Clemente, em Botafogo, na Zona Sul. Em entrevista ao site Metrópoles, Jansenn confirmou que pagou parte do valor da mansão e o total do apartamento onde mora Bacellar – uma das coberturas, no valor de 2,5 milhões de reais na cidade do Rio. Bacellar, em nota, afirmou que, de fato, pagou pela mansão, que estava em disputa judicial, e sustentou que tudo está declarado à Receita Federal. Na informação sobre seus bens, que prestou à Justiça Eleitoral, no entanto, constam 793 mil reais. E nenhum imóvel.

A mansão fica no mesmo condomínio de José Graciosa, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), afastado por suspeita de corrupção e reintegrado ao cargo em março deste ano. Bacellar já foi assessor de Graciosa. O atual presidente da Alerj é homem de confiança do governador do estado, Cláudio Castro (PL). Foi seu secretário de Governo e indicou ao menos seis secretários estaduais. Procurado por VEJA, Jansens não retornou. Além de comprar imóveis, Jansens também investe em bitcoins. Mesmo com um capital social declarado de 30 mil reais, desembolsou 1,12 milhão em 2021  na empreitada – e perdeu.

REPRODUÇÃO: VEJA

Comentários