Quem acompanha com olhos atentos o Diário Oficial do Município do Rio deve estar impressionado com a voracidade de um grupo que pensava-se estar afastado do poder público depois da queda política e morte do seu padrinho, Jorge Picciani.

A última vitória do grupo foi uma licitação da Comlurb no valor de R$785,4 milhões vencida pela Força Ambiental LTDA para alugar caminhões e outros maquinários para a “AP4” e “AP5”. Esse processo foi conturbado. O Tribunal de Contas do Município chegou a suspender as licitações por indícios de sobrepreço na estimativa orçamentária. Mas o que pouca gente sabe é que outras duas empresas deste mesmo grupo, a Concessionária Rio Pax e a Concessionária Reviver S.A. dominam o mercado de sepultamentos em cemitérios da cidade do Rio de Janeiro. Aliás, milhares de processos judiciais do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro relatam situações horríveis a que a população é submetida, com o desaparecimento de restos mortais de parentes e elevadas taxas por serviços funerários.

Os valores das receitas estimadas para esta negociata dos cemitérios ultrapassa a casa dos bilhões. No processo licitatório, o Tribunal de Contas do Município questionou o valor da outorga inicial e outros pontos que acabaram parando na Justiça. Claramente, houve alijamento de várias empresas que tentaram participar do processo licitatório. Há processos em quantidade na Justiça do Rio de Janeiro, mas parece que essa gente tem muito poder. O grupo econômico por trás da Força Ambiental LTDA e da Rio PAX tem como cabeça a família Aquino, dono do Conhaque de Alcatrão São João da Barra e da Vodka Kovak. Ao que tudo indica, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, respondeu positivamente à pergunta que o comercial da bebida faz há anos: “Vamos Kovakear?”

Em processos que correm na Justiça, por diversas vezes é citado o nome do irmão do prefeito como intermediário nas maracutaias dos cemitérios. Consta em vários documentos que estão nos processos o nome de Guilherme Paes como intermediário das negociações fúnebres nada republicanas. Aliás, o irmão de Dudu Paes é diretor do Banco BTG Pactual. A demora da Justiça para resolver o caso dos cemitérios tem levado milhares de cariocas à humilhação e ao sofrimento. Enquanto isso, o sorridente prefeito esbanja o dinheiro do contribuinte carioca com Madonna e Lady Gaga.

Como os mortos não podem protestar, a festa continua. Seja no lixo ou no cemitério, a antiga empresa União Norte, da família Aquino, continua nadando de braçada no mar revolto da Prefeitura do Rio.


Comentários