O que se viu recentemente no evento de entrega de viaturas da Polícia Militar do Rio de Janeiro não foi um ato solene em respeito aos agentes da lei, tampouco uma celebração da Segurança Pública — foi um espetáculo grotesco de hipocrisia e desprezo ao Estado de Direito.

Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como “TH Joias”, um indivíduo que carrega nas costas acusações por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, crime eleitoral, uso de falsa identidade, crime ambiental e receptação — com pelo menos 13 ocorrências registradas na Polícia Civil — hoje ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Condenado em primeira instância por associação ao tráfico e lavagem de dinheiro, ele posa orgulhosamente ao lado de nomes que deveriam zelar pela ordem pública. Deputado Marcio Gualberto, policial civil, Deputado Marcelo Dino, policial militar, o atual presidente da Alerj e Cláudio Castro, governador que se diz defensor da Segurança Pública, e Coronel Menezes, secretário de Estado da Polícia Militar — o mais alto posto da corporação — aparecem ao lado de um indivíduo investigado por financiar e colaborar com o crime organizado.

A imagem desses homens públicos ladeando um símbolo vivo da degradação moral do sistema político fluminense não é apenas infeliz: é uma afronta direta aos centenas de policiais que tombaram em combate contra o tráfico de drogas. É cuspir na memória dos que deram a vida por um ideal que hoje é banalizado em palanques fúnebres de dignidade.

O silêncio das autoridades diante da ficha criminal de "TH Joias" não é omissão — é cumplicidade. A covardia de quem se diz defensor da lei e da ordem, mas se curva diante de conveniências eleitorais ou acordos de bastidores, só reforça a podridão institucional que assola o Rio de Janeiro.

Nosso Estado não merece esse circo. Os policiais mortos não merecem esse desrespeito.

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