Por que será que um ilustre desconhecido de Roraima será aclamado como presidente da bilionária CBF no próximo dia 25? Samir Xaud, um médico filiado ao MDB, conseguiu o improvável: unir a cartolagem brasileira para afastar o atual presidente, Ednaldo Rodrigues, um baiano que até poucos dias tinha o apoio explícito do também baiano Rui Costa, Ministro da Casa Civil, do senador Jaques Wagner, e até do PC do B, sem contar o apoio de figuras ilustres do Supremo Tribunal Federal, entre eles, o ministro Gilmar Mendes, que concedeu uma liminar para que Ednaldo Rodrigues voltasse ao comando da CBF depois de afastado do cargo pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por acusação de várias fraudes.
Novamente afastado pelo tribunal do Rio de Janeiro, o agora ex-presidente da CBF sentiu que perdeu o controle do jogo e desistiu de tentar concorrer. O escolhido para comandar a CBF até a indicação do novo presidente foi Fernando Sarney, filho do ex-presidente José Sarney. Agora vejam o encontro da política com o futebol. O pai do futuro presidente da CBF, Zeca Xaud, é presidente da Federação de Futebol de Roraima há 40 anos e tem como grande amigo o ex-senador Romero Jucá, que foi líder do governo Sarney no Senado. Aliás, Romero Jucá foi líder no Senado de quase todos os ex-presidentes. Hoje tem uma empresa de consultoria e lobby em Brasília. A amizade não é só entre os dois. O futuro presidente da CBF foi candidato a deputado federal na última eleição obtendo apenas 4800 votos, mas reforçou os laços de amizade entre as famílias Jucá e Xaud. Nenhum time de Roraima disputa sequer a terceira divisão do futebol mas agora o presidente de sua federação será o comandante da entidade mais poderosa do futebol brasileiro.
A articulação contou ainda com o apoio de um outro interessado na CBF, Flávio Zveiter, que havia tentado concorrer contra Ednaldo mas não conseguiu. Hoje, com o apoio das famílias Jucá, Sarney e Zveiter, Xaud tornou-se imbatível e vai comandar um orçamento gordo, receitas da ordem de R$2,25 bilhões. O papel decisivo para o afastamento do presidente da CBF foi o seu rompimento com Fernando Sarney que tem um longo histórico à frente da CBF, quase 30 anos, passando pelas administrações de Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero, Rogério Caboclo e até Ednaldo Rodrigues, quando rompeu e não quis participar da sua chapa na última eleição.
Como se pode deduzir com as informações acima, o nosso futebol anda mal das pernas. Sobram pernas de pau e faltam mestres da bola.


