Em mais um episódio que expõe seu estilo explosivo e politicamente desastroso, o governador Cláudio Castro (PL) usou um discurso na Baixada Fluminense, nesta sexta-feira (8), para atacar duramente o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e transformar uma obra suspensa em espetáculo político. Irritado com a decisão do conselheiro Christiano Lacerda Ghuerren, que bloqueou a licitação de R$ 2 bilhões da Cedae para a construção da estação Guandu 2, em Nova Iguaçu, Castro perdeu a compostura, partiu para ofensas e incentivou ataques virtuais ao conselheiro.

O governador acusou o conselheiro de “politicagem” e afirmou que ele deveria “sentir na pele” a falta de água, sugerindo cortar o abastecimento da casa de Ghuerren. “O certo era pegar, ir para a casa desse cidadão e cortar a água dele”, disparou, num ataque pessoal que extrapola o debate institucional.

Castro elevou o tom ao extremo, misturando adotando uma linguagem chula: “Eu estou puto com isso, tô irritado com isso… e tô cagando pra ele”, disse, numa frase que circulou rapidamente nas redes, como demonstração de destempero do que de liderança. O governador ainda declarou que “não tem medo de miliciano” para justificar que não temeria o TCE, criando uma comparação polêmica e inoportuna.

A decisão do TCE suspendeu a licitação alegando irregularidades, mas Castro preferiu ignorar o mérito técnico e transformar o episódio em palco político, acusando o conselheiro de “prejudicar quatro milhões de pessoas da Baixada Fluminense” por não ser eleito pelo voto popular. “Esses cargos vitalícios tinham que acabar, tinha que ser tudo por mandato”, afirmou, em tom de revide.

Num gesto que beira a irresponsabilidade institucional, o governador conclamou apoiadores a invadirem o Instagram de Ghuerren e “encherem a caixa de mensagens” do conselheiro, incentivando um linchamento virtual que contraria qualquer noção de respeito democrático entre poderes.

O episódio não só expõe a dificuldade do governador em lidar com órgãos de controle, como revela seu uso recorrente de discursos inflamados para atacar quem se opõe aos seus interesses políticos.

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