No jornal O Globo do dia 18 de maio de 2025 há uma extensa matéria com o título
“CV ORDENOU TRÉGUA NO G20”. Segundo a Polícia Federal, o Comando Vermelho e pessoas ligadas ao Estado fizeram um acordo que teria sido intermediado pelo narcotraficante Arnaldo da Silva Dias, vulgo Naldinho, e um “representante das autoridades do Rio”. A verdade, porém, vai um pouco além. Todo entendimento com as facções criminosas do Rio partiu de Leonardo Silveira Franceschin, subsecretário geral da SEAP, em reunião ocorrida na sede da Secretaria, no edifício Pedro II, 5º andar, da qual participaram o subsecretário operacional Dimas Pereira dos Santos, os superintendentes Roger Vandré Silva de Castro - responsável por Gericinó - Vanderson Clavelário Nunes - superintendente das unidades isoladas - e João Henrique Miranda dos Santos - coordenador de Gericinó.
Pelo entendimento mantido pelas autoridades estaduais, em troca de não haver nenhuma desordem durante a estadia dos chefes de estado no Rio de Janeiro, os presos poderiam ficar 7 dias com celulares e drogas, sem repressão dos policiais penais e completamente à vontade para resolverem seus negócios criminosos. Isso pode ser comprovado com a cópia dos livros de ocorrência entre os dias 12 e 19 de novembro de 2024, onde nenhuma ocorrência foi registrada em celas, galerias e pavilhões. Não só do Comando Vermelho como das demais facções.
Dimas, Vanderson, Roger e João foram à Penitenciária Gabriel Castilho - Bangu 3B - fechar um acordo com o Comando Vermelho. Depois, à Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho - Bangu 4 - e ao Presídio Industrial Esmeraldino Bandeira, onde fecharam acordo com o TCP, à Penitenciária Lemos Brito, onde fecharam acordo com a ADA, aos presídios Nelson Hungria e João de Barros, onde consolidaram entendimento com a PVI - também conhecida como Povo de Israel, atualmente a facção que mais cresce no Rio. Na Penitenciária Bandeira Stampa - Bangu 9, o acordo foi fechado com a milícia.
A entrada desses agentes do Estado nos presídios nas referidas datas pode ser facilmente comprovada com os registros dos livros de entrada das unidades e as imagens das câmeras do centro de monitoramento da SEAP.
Que Estado é esse, minhas senhoras e senhores, onde a Secretaria de Administração Penitenciária negocia com os líderes criminosos do Estado a segurança dos cidadãos e autoridades?
Além disso, as autoridades referidas atenderam ao pedido dos criminosos para proibição de vistoria nas celas ou flagrantes, incluindo nesse período a redução do uso de scanner nos visitantes, a disponibilidade de microondas e isopores para acondicionamento de gelo e, o que é mais incrível, um futuro forno elétrico airfryer no interior das galerias para fins coletivos, além da promessa de não inserir em Bangu I presos considerados lideranças com pedidos feitos pela Secretaria de Segurança Pública. Somente se houvesse determinação judicial.
Acreditem, o Comando Vermelho pediu o afastamento da cúpula responsável pela descoberta do túnel onde encontrava-se recolhida a liderança da facção no Presídio Vicente Piragibe. Coincidência ou não, dias após a cúpula do G20, a equipe responsável pelo êxito e as transferências das lideranças do Presídio Vicente Piragibe para o Presídio Benjamim Moraes Filho - considerada emblemática para a cúpula do Comando Vermelho - ocorreu, o que causou grande mal estar na Secretaria.
No dia 11 de novembro de 2024, após terem fechado acordo com as facções, determinado por Leonardo e Dimas, todos os coordenadores receberam mensagens de whatsapp por volta das 20:40h, para que repassassem aos diretores de presídios que a partir do dia seguinte estariam proibidas as realizações de revistas diárias e de rotina nas celas, galeria e pavilhões até o término do G20 e que qualquer tipo de movimentação teria que ser autorizada pelo subsecretário operacional Dimas. O fato é simples de se verificar. Basta que seja solicitado o depoimento de todos os coordenadores e diretores na época dos fatos pela Polícia Federal e constatado que a alta cúpula da SEAP se associou ao alto crime organizado, determinando que seus coordenadores e diretores cumprissem uma negociação escusa feita por ordem do subsecretário geral da SEAP Leonardo Silveira Franceschin.
Segue abaixo as mensagens de whatsapp de João, enviadas nos grupos de coordenadores e diretores após o fechamento do acordo com a cúpula dos criminosos


Não existe prova maior do que a própria mensagem capturada pela Polícia Federal do preso Naldinho, que dizia: “Boa tarde a todos os irmãos. Hoje um representante das autoridades do Rio procurou o irmão que é sintonia e pediu pra nós segurarmos 7 dias sem guerras e roubos devido ao G20 para evitar isolamento de irmãos que venham a ter ligação com determinada área. Todos estamos de acordo em segurar esses 7 dias. Até porque veio no diálogo. Eles demonstraram um respeito por nós”, escreveu Naldinho no SALVE (comunicado aos integrantes das facções) e enviado no dia 22 de fevereiro.
A PF até hoje não identificou a suposta autoridade citada no texto. Apesar da repercussão negativa envolvendo o preso Naldinho, ninguém determinou o isolamento em Bangu I e tampouco procedimento administrativo disciplinar em desfavor do preso que, comprovadamente, faz uso de aparelho de telefonia celular para comandar as atividades criminosas da facção do interior da Penitenciária Gabriel Ferreira de Castilho. Naldinho até hoje continua sem qualquer punição, diferentemente do que ocorreu com o preso André Costa Barros, conhecido como André Boto, inimigo do CV, que foi isolado em Bangu I por fato semelhante. André Boto gostaria de delatar e apresentar provas ao Juiz Corregedor da Vara de Execuções Penais sobre a corrupção da cúpula operacional da Secretaria de Administração Penitenciária, pois sofreu extorsões para ser retirado de Bangu I e, como se recusou a pagar, continua isolado.
Por fim, a SEAP, que é expert em manipulação de dados, divulgou uma nota dizendo que não houve alteração nos números de crimes e ocorrências entre os dias 12 e 19 de novembro de 2024. Para disfarçar, ela divulgou o total dos meses de novembro e dezembro sem separar os crimes e ocorrências ocorridos durante o G20, quando a cidade, praticamente, viveu um verdadeiro Mar de Rosas. A Cidade Maravilhosa deve estar espantada ao perceber que quem dita as ordens no Estado são as lideranças criminosas do Comando Vermelho, do Terceiro Comando Puro (TCP) , Amigos dos Amigos (ADA), Povo de Israel (PVI) e milícias.
Se os fatos narrados acima não demonstram o pacto entre o Governo Estadual e o crime organizado, esperem os próximos capítulos…
